Vestido às Avessas

 

Wearing the Inside Out By Jim373

 

I murmured a vow of silence and now
I don’t even hear when I think aloud
Extinguished by light I turn on the night
Wear its darkness with an empty smile
(Wearing the inside out)

 

Uma pessoa me lembra que hoje é sexta, que já são mais de 15:30, no entanto, veio ao blog e não encontrou a música da sexta, perguntou-me se esquecera o compromisso. Verdade, não esqueci, ou não quis lembrar, ainda, o que na prática é o mesmo, será que é a dor de garganta que provoca a melancolia, o corpo meio quebrado, o espírito sem ânimo? Além disto, as diversas tarefas do trabalho, impediu a publicação.

 

Ontem tinha publicado um post tão lindo que fiquei achando que não era meu: Palavras e Silêncio, ele ficou tão grande que temi que no post da sexta, fique menor. Mas tentemos uma vez mais, os bits e bytes me tomaram todo o tempo, a sensação de ser vencido por eles não ajuda muito a inspiração. Mas, um papo interessante pela manhã, sobre os movimentos sociais da era digital, me deu uma ideia, um fiapo de esperança de encantar meus amigos, com alguma coisa que vá do passado ao futuro, passando pelo presente, parafraseando Goethe.

 

A coisa mais futuro do presente, o que olhando de outro ângulo, é passado, de algo que ainda não aconteceu, é a música sem dúvida, ela nasceu ontem, nos acalma no momento, mas abre os olhos e alma para o porvir. Mas qual sintetizaria isto? tenho tantas e maravilhosas mensagens deste tempo que só a música pode nos trazer, esta viagem para frente, para trás, sem nos movermos, apenas que ela nos embale e torne o fim de tarde da sexta mais belo, mais astral, que aponte a lua e a saída do anoitecer, o fim de semana.

 

Lembrei de uma canção, talvez a melhor do Pink Floyd, depois da separação, quando David Gilmour liderou Rick Wright e  Nick Mason, é do belo álbum The Division Bell. Desde a primeira vez que ouvi esta música me senti atordoado, procurei a letra, para conferir os versos, é uma viagem completa, muito forte, escrita por Richard Wright e Antony Moore.

 

Pink Floyd – Wearing The Inside Out

 

 

Pink Floyd

 

Formação Clássica

 

Por volta da metade dos anos 80, já estudava na Escola Técnica, fazia movimento estudantil, quase em tempo integral, mas sem me descuidar dos estudos, aliás, esta foi a lição básica, que aprendi com meu Professor Paulo César Cortez, ensinava Eletromagnestismo e de estudos  clandestinos de Marx. Quando estudávamos Marx, um pequeno círculo de amigos, eles dizia: “cara, sem você ser bom aluno, ninguém vai lhe respeitar, estude, não falte aulas, seja exemplo assim também”. Por mais que não tenha gostado ali, vi que ele estava certo.

 

Mas não é sobre isto que quero escrever, quem sabe um dia volte ao tema, vamos ao que interessa. Por esta época comecei a curtir rock progressivo, basicamente Pink Floyd, algumas influências foram dos meus quase irmãos e camaradas Alexandre Costa, Carlos Marcos e Hélade, ouvia na casa deles, aqueles LPs maravilhosos, em particular Wish You Were Here, The Dark Side of the Moon e The Wall. Ficávamos entre estudos de textos e reuniões ouvindo os LPs, principalmente na cada do Alexandre, o pequeno. Na verdade eu ouvia, quase nada entendia, mas gostava do som.

 

Bem depois, mais para o fim dos anos 80, já morando em São Paulo, comprei um Walkman, contei esta história no post Música: do LP ao MP3, aí comprei as fitas k7 do Pink Floyd, descobri os outros trabalhos anteriores ao The Dark of the moon, a fase Syd Barret, as viagens lisérgicas, as transformações do grupo. Lembro q comprei uma revista, se não me engano uma Buzz especial que contava a trajetória do grupo, as fases, as principais letras, as curiosidades, as brigas, a disputa pelo controle, até o último trabalho, que não conhecia ainda, The Final Cut.

 

Foi daí que passei a comprar todas as fitas K7 do Pink Floyd, onde viajava, levava as fitas, trabalhava viajando pelo Brasil, minha companhia : Meus livros e Pink Floyd, por muito tempo. Agora me vem a imagem de quando morei em Rondônia, estava na época lendo a Divina Comédia, ouvia muitas vezes Wish You Were Here, o álbum todo, enquanto me concentrava nos círculos do Inferno. Duas viagens simultâneas, os desenho do Gustave Doré da Divina, as músicas longas, prolongavam a vontade de ler, ouvir e ver.

 

Depois quando morei no Japão, descobri uma quantidade imensa de shows gravados do Pink Floyd, que lá eles vendia em CDs, comprei alguns muito bons, gravações diferentes, mas em geral não era a formação clássica. David Gilmour , Rick Wrigth e Nick Mason, ou de Roger Waters e convidados, a separação definitiva pós-The Final Cut, as disputas pelo legado, o direito de usar a marca, dizimou a criatividade, as energias para novas viagens. O esgotamento, pelo menos para mim, tem muito a ver com estas brigas intermináveis.

 

Em 1994, finalmente a parte Gilmour do Pink Floyd consegui lançar um álbum à altura da história do grupo, o The Division Bell, é maravilhoso, rico em letras, melódias, as grandes reflexões do passado vieram forte, lembro que comprei o CD duplo da turnê mundial P.u.l.s.e., de 1995/6, no Japão, e vi que a junção do passado e presente, estava em bom equilíbrio. Foi o último trabalho de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, a imensa criatividade, os espetáculos grandiosos, cheio de coisas que só nos anos 2000 vieram a fazer algo igual.

 

Em 02 de julho de 2005, em Londres, no Live 8, um momento histórico os velhinhos, cabeça branca, cheio de marra, se reuniu pela última vez num emocionante encontro, lembro como se fosse hoje, ouvindo pelo rádio a pequena apresentação, eles extremamente nervosos, meio sem se olhar, quando Gilmour ia sair do palco, Waters o chamou e ele se abraçaram, é de arrepiar lembrar. Houve um certo momento que todos achavam que eles poderiam voltar a se reunir, fazer uma turnê, mas a morte de Richard Wright, em 2008, pôs por terra o sonho.

 

Houve novos encontros de Waters e Gilmours, algumas ações beneficentes e dividir palcos, mas o Pink Floyd se fechou no The Final Cut, que já estava desfalcado de Wright, brilhou intensamente no Division Bell, mas definitivamente nossos sonhos ficaram nos espetaculares álbuns dos anos 60 e 70, mais de uma década de alto nível e criatividade, uma época incrível que nos legou marcantes músicas e espetáculos grandiosos.

 

Pink Floyd

 

Uma curiosidade, nunca consegui ver o filme The Wall, mesmo gostando demais do álbum, o filme já tentei ver, simplesmente não consigo, um bloqueio, sem dúvida. As formações do Pink Floyd:

 

Fonte Wikipedia

 

Minha lista, injusto mas vai de cabeça :

  1. Time
  2. Wish You Were Here
  3. Wearing the Inside Out
  4. Comfortably Numb
  5. Hey You
  6. The Final Cut
  7. Mothers
  8. Us and Them
  9. Money
  10. Shine on you crazy diamond

 

Melhor álbum: The Dark Side Of The Moon, talvez o melhor de todo rock, ali pau a pau com Led Zeppelin IV.

 

O Encontro londrino de 2005, no Live 8